O desembargador Jairo Roberto de Quadros, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, negou o pedido liminar de liberdade apresentado pela defesa do prefeito afastado de Terenos, Henrique Budke (PSDB). Preso no dia 9 de setembro durante a operação Spotless, o gestor é acusado de chefiar uma organização criminosa que teria desviado cerca de R$ 15 milhões dos cofres municipais.
A decisão é provisória e ainda será analisada em definitivo pelos demais desembargadores da 3ª Câmara Criminal do TJMS.
Outros envolvidos
Além de Budke, outras 15 pessoas foram presas no mesmo esquema. Entre os pedidos de liberdade já analisados, o magistrado também negou a soltura do policial militar Fábio André Hoffmeister Ramires, apontado como sócio oculto de empreiteira e membro da maçonaria, do empreiteiro Arnaldo Santiago e de Orlei Figueiredo Lopes.
A única beneficiada até o momento foi a empresária Nádia Mendonça Lopes, dona da Lopes Construtora e Empreiteira Ltda., que recebeu autorização para cumprir prisão domiciliar com tornozeleira eletrônica, a fim de cuidar dos filhos pequenos.
Defesa
Em nota, a defesa de Henrique Budke, representada pelo advogado Julicezar Barbosa, declarou respeitar a decisão judicial, mas adiantou que seguirá buscando a liberdade do cliente “pelos meios cabíveis”.
Investigação aponta enriquecimento ilícito
De acordo com relatório do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), ao qual o Jornal Midiamax teve acesso, o patrimônio declarado por Budke cresceu 691% entre as eleições de 2020 e 2024.
Os investigadores identificaram que o prefeito teria recebido cerca de R$ 611 mil em propinas. Parte dos valores teria sido usada para aquisição de imóveis e participação em empresas, com declarações subavaliadas à Justiça Eleitoral.
Um dos exemplos citados é a Fazenda Ipê Amarelo, de 161 hectares em Aquidauana. Budke declarou ter pago R$ 1,5 milhão à vista pela propriedade, mas a avaliação de mercado indicaria valor superior a R$ 4,3 milhões.
Na área empresarial, o prefeito declarou deter apenas R$ 1 mil em cotas da Resilix Ltda., apesar de ter participação de 33% no capital social da empresa. Com as movimentações suspeitas, o valor real de sua participação foi estimado em R$ 745,9 mil.
Somando imóveis e empresas, o patrimônio de Budke alcançaria R$ 6,1 milhões em 2024, contra R$ 775 mil declarados em 2020. Para o Gaeco, os dados reforçam a suspeita de enriquecimento incompatível com a renda do cargo público.
Operação Spotless
A operação Spotless levou à prisão, além de Budke e Ramires, outras dez pessoas: Arnaldo Santiago, Sansão Inácio Rezende, Nádia Mendonça Lopes, Orlei Figueiredo Lopes, Genilton da Silva Moreira, Eduardo Schoier, Fernando Seiji Alves Kurose, Hander Luiz Corrêa Chaves, Sandro José Bortoloto e Valdecir Batista Alves.