A deputada federal Camila Jara (PT-MS) voltou ao centro das atenções após se envolver em novo tumulto na Câmara dos Deputados onde deu um empurrão no deputado federal Nikolas Ferreira (PL) ao final da sessão da noite da última quarta (06), mas essa não foi a primeira vez que seu nome esteve ligado a um episódio polêmico. Em 22 de dezembro de 2024, a parlamentar protagonizou uma confusão com a Polícia Militar de Mato Grosso do Sul (PMMS) durante uma fiscalização em bares na região central de Campo Grande, que terminou em troca de acusações, vídeos viralizados nas redes sociais e uma nota de repúdio emitida por representantes da corporação.
O que aconteceu naquela madrugada
Segundo relatos da PM, os policiais faziam uma ação de rotina na Rua 14 de Julho, local conhecido por bares e eventos noturnos, quando Camila Jara teria interferido na operação policial, se colocando na frente da viatura e iniciando uma discussão com os agentes. A corporação afirma que a deputada estava visivelmente embriagada, versão que ela nega.
A deputada, por sua vez, disse que estava no local a convite dos comerciantes e que teria presenciado um policial desembarcando da viatura com arma em punho, o que teria motivado sua reação. “De ímpeto, questionei o motivo da operação e da arma. Quando me identifiquei como deputada federal, ele a abaixou”, escreveu Camila em suas redes sociais na época.
Após o episódio na 14 de Julho, Camila se deslocou para outro bar na Avenida Calógeras, onde novamente houve atrito com os militares. Em vídeos divulgados nas redes sociais, é possível vê-la confrontando os policiais e acusando a operação de ter viés de classe, ao supostamente mirar bares de áreas populares. “Aqui vocês vêm? Então estão com preconceito de classe?”, questionou.
Versão da Polícia Militar
A Polícia Militar negou ter apontado armas ou feito qualquer uso de força desproporcional. Segundo a comandante da operação, todas as abordagens foram filmadas, e o armamento permaneceu no coldre. Em nota, a corporação reiterou que as ações fazem parte de um trabalho de prevenção a crimes contra o patrimônio, poluição sonora e perturbação do sossego, em resposta a denúncias frequentes feitas pelo telefone 190.
O 1º Batalhão da PM também ressaltou que os bares da região haviam sido previamente notificados quanto às exigências legais e horários de funcionamento, e que as fiscalizações visam garantir a segurança pública.
Nota de repúdio e acusações de desrespeito à autoridade policial
O caso gerou reação da ASPRA-MS (Associação dos Praças da Polícia Militar e Bombeiro Militar de MS), que divulgou uma nota de repúdio à conduta da parlamentar. A associação acusou Camila Jara de “desrespeitar a atuação legítima e constitucional” da PM e de incitar outras pessoas a se oporem à fiscalização. Segundo a entidade, a parlamentar ainda teria tentado usar o nome do governador Eduardo Riedel para intimidar os policiais, o que também foi negado por ela.
“Essa conduta não só deslegitima a autoridade policial, mas também coloca em risco a segurança dos agentes e da sociedade”, afirmou a ASPRA em sua nota. A entidade ainda lembrou que essa não foi a primeira vez que Camila Jara se desentendeu com a PM, citando um episódio semelhante ocorrido durante a pandemia de covid-19, quando ela, então vereadora, criticou a atuação policial em uma festa LGBT.
Camila nega embriaguez e fala em perseguição a bares populares
Em resposta às acusações, Camila Jara negou estar embriagada e afirmou que sua atuação teve o objetivo de defender comerciantes e frequentadores da região. Para ela, as ações da PM na Rua 14 de Julho configuram uma espécie de “toque de recolher informal” e revelam um tratamento desigual entre áreas populares e bairros nobres da cidade.
“Essas operações não ocorrem com a mesma frequência em bares elitizados. O que estamos tentando é garantir o direito ao lazer e ao empreendedorismo”, declarou na ocasião. A deputada afirmou ainda ter participado de reuniões com o governo estadual e empresários para discutir a situação.