O Partido dos Trabalhadores (PT) em Mato Grosso do Sul anunciou nesta quarta-feira (6) a saída do governo do tucano Eduardo Riedel (PSBD) após este ter se manifestado contra a prisão domiciliar do ex-presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
O anúncio foi feito pelo deputado federal Vander Loubet, presidente do Diretório Regional da legenda, que assinalou não mais existir “ambiente programático e ideológico” para prosseguir na base aliada.
"No segundo turno das eleições de 2022, fizemos um acordo publicamente assumido para apoiar Riedel, por considerá-lo de vertente da centro-direita arejada, sensata, democrática. Entramos no governo pela porta da frente, que é também a porta de saída quando as diferenças entre quem está dentro da mesma casa se tornam inconciliáveis”, se expressou o parlamentar, em nota.
"Demos ao governo a nossa contribuição, atuando e melhorando o desempenho das políticas de fomento à agricultura familiar. E até em Campo Grande, uma gestão de direita, o governo Lula está presente, com 95% dos investimentos que a cidade tem", comentou o presidente do PT no Estado.
Candidatura ao governo
De acordo com o petista, que é pré-candidato ao Senado, a partir de agora o foco é construir e vitaminar as bases de apoio à reeleição de Lula. Para isso, uma das etapas que estão sendo cumpridas é filiar o ex-deputado federal Fábio Trad para que seja o nome petista na disputa ao governo do Estado.
"O Fábio está conversando. Vamos continuar as conversas com a Simone. O PDT, do Marquinhos, já se reúne com a gente. Vamos falar com o deputado Paulo Duarte, o PSB é muito importante", revelou Vander Loubet.
Na manhã desta quarta-feira na Assembleia Legislativa, os deputados estaduais Pedro Kemp e Gleice Jane já admitiam como inevitável o desembarque do partido do governo Riedel, onde a sigla ocupa pelo menos 25 cargos.
Óleo e água
As diferenças ideológicas se tornaram mais explícita após Eduardo Riedel, e também o ex-governador Reinaldo Azambuja, terem criticado a prisão do ex-presidente da República, estabelecida pelo ministro Alexandre de Moraes na segunda-feira (4).
Réu na Ação Penal 2668, Bolsonaro responde pelos crimes de tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado, participação em organização criminosa armada, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.
A prisão domiciliar foi decretada diante do descumprimento de medidas cautelares impostas anteriormente a Bolsonaro pelo STF.
Conforme o ministro Alexandre, houve a publicação nas redes sociais de falas feitas por Bolsonaro, pelo telefone, durante as manifestações realizadas no domingo (3).
O conteúdo foi postado por apoiadores, incluindo filhos do ex-presidente. Em sua decisão, o ministro ressaltou que as divulgações nas redes sociais demonstraram que houve a continuidade da tentativa de coagir o STF e obstruir a Justiça.
Críticas à decisão
“Prisão domiciliar, com restrição de direitos fundamentais e sem julgamento concluído são excessos judiciais que geram temerária escalada de tensão política e jurídica no País”, escreveu Eduardo Riedel em seu perfil no Instagram.
Segundo ele, “o Brasil precisa da normalidade institucional para superar os inúmeros desafios de um país ainda muito injusto e desigual. Que voltem urgente a serenidade e o bom senso”.
Já Reinaldo Azambuja foi mais contundente, ao publicar no Instagram que “a prisão domiciliar do presidente Bolsonaro, sem nenhum julgamento, muito menos condenação, escala ainda mais a afronta ao Estado Democrático de Direito, cerceia os direitos individuais e ameaça a liberdade de todos os cidadãos brasileiros”.
De acordo com o tucano, “A sociedade, com certeza, reagirá a mais essa injustiça contra o maior líder popular da história contemporânea deste país”.
E finalizou: “Resista, presidente Bolsonaro, o Brasil está contigo!”