população local.
A apreensão dos bovinos adultos serão transferidos para um frigorífico. Os demais, aguardarão o ciclo de engorda em pastos. A TI Ituna/Itatá conta com uma área aproximada de 142 mil hectares.
A operação Eraha Tapiro
Desde o ano passado, fiscais do Ibama planejavam uma operação para retirar todo o gado criado ilegalmente na Ituna/Itatá. Eraha Tapiro, na língua dos Asurini, um dos povos indígenas da região, significa “levar boi”. O Ibama sobrevoou a região ao longo de semanas para localizar 21 rebanhos de gado, espalhados por vários pontos da terra indígena.
Finalmente, foi a campo em 17 de agosto, com o auxílio de agentes da Funai, da Polícia Federal, da Polícia Rodoviária Federal, da Força Nacional, do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e da Agência de Defesa Agropecuária do Pará (Adepará).
Segundo o Ibama, “os embargos e as notificações para retirada de gado vinham sendo descumpridos, e as invasões permaneciam, impedindo a regeneração da floresta com a criação do gado”.
“É a operação mais desafiadora de que já participei”, conta Chiara Laboissiere, analista ambiental do Ibama que atua em campo como uma espécie de secretária administrativa da Eraha Tapiro. Os alvos da ação estatal não são apenas um, mas vários criminosos ambientais que invadiram a terra indígena e criam gado ali. Os diversos rebanhos espalhados no território precisam ser reunidos em local estratégico, uma “fazenda” transformada em base operacional pelo Ibama.
Dali, aos poucos serão embarcados em caminhões e levados para ser abatidos num frigorífico da região de Altamira, a mais de 100 quilômetros de distância, por estradas precárias e sem pavimentação.
Como cada caminhão pode carregar entre 15 e 20 bovinos por viagem, a operação terá de ser repetida dezenas de vezes. O trabalho, que já seria suficientemente complexo, enfrenta a sabotagem sistemática dos donos do gado. Profundos conhecedores da região, integrantes das elites locais, eles têm a ousadia de quem circula com a desenvoltura da impunidade: nem mesmo o armamento pesado e ostensivamente exibido pelos policiais que auxiliam os agentes do Ibama os intimida.
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