O governador Eduardo Riedel (PSDB) anda dizendo, em toda entrevista que concede, que está focado na gestão e considera, inclusive, muito cedo para falar em eleição para prefeito e vereador no próximo ano.
A declaração do governador sinaliza uma neutralidade no processo para evitar desgaste com os prefeitos que, quase na totalidade, lhe apoiaram para o Governo de Mato Grosso do Sul. Riedel sabe que nas próximas eleições para o Estado precisará novamente do apoio dos prefeitos.
A neutralidade, pelo menos até agora, tem favorecido Riedel, que não cria desgaste político e deixa para o presidente estadual do PSDB, Reinaldo Azambuja, tomar as decisões mais políticas, encarando o desgaste das divisões. Foi ele, inclusive, que atuou nas articulações para convencer deputados do PSDB a aceitarem Paulo Corrêa na primeira-secretaria e Gerson Claro (PP) na presidência da Assembleia Legislativa.
O afastamento de Riedel desobriga o PSDB a fazer as vontades, por exemplo, de Tereza Cristina, que quer mais espaço para o PP. Ela chegou a iniciar o processo de filiação de prefeitos e Azambuja contra-atacou, adiando o processo de briga por filiações.
Tereza quer fortalecer o PP e do outro lado, Azambuja briga para que o PSDB continue comandando o Estado. Hoje, os tucanos têm 37 prefeitos e o PP, 21. Um número alto para o partido que até ontem não era considerado grande no Estado.
Riedel fica dividido porque sabe da importância da senadora para sua eleição, mas a militância do PSDB enxerga além da eleição que já passou e abre os olhos para a estratégia traçada por Tereza. A senadora tenta criar um grupo dela para as eleições e conquistar uma força que pode, inclusive, ser usada contra o PSDB mesmo, na eleição para o Governo do Estado, caso ela entenda ser importante se candidatar.
Um bom exemplo desta disputa é a Prefeitura de Campo Grande, onde o PSDB, do grupo mais ligado a Reinaldo Azambuja e Sérgio de Paula, quer emplacar o deputado federal Beto Pereira (PSDB). Do outro lado, Tereza trabalha outro nome, tendo como uma das possibilidades a atual prefeita, Adriane Lopes, que também apoiou Riedel e deve pedir ajuda para a reeleição.
Enquanto pode, o governador empurra esta disputa para frente, até que seja inevitável um desgaste, seja com Tereza, ou com o PSDB. Riedel terá que deixar a técnica de lado e atuar politicamente para apagar um incêndio que começa criar focos e promete tomar proporção difícil de ser controlada em breve.